terça-feira, 17 de agosto de 2010

A Era Conceitual e o lado direito

Mariana Lemann, em seu artigo Os artistas vão dar o tom (revista Você SA, Dezembro 2006), entrevista o escritor Daniel Pink. Daniel Pink é o autor de best seller nos EUA, A revolução do lado direito do cérebro, já editado no Brasil pela Editora Campus. Nele, Daniel Pink diz que a Era da informação está cedendo lugar para a Era Conceitual. Para ele, o desenvolvimento científico e tecnológico forçou a primazia da utilização do lado esquerdo do cérebro, lado mais racional. Porém, com o crescimento da Ásia, a automação de processos e a abundância material, o mundo globalizado requer novas competências. Há seis competências que irão diferenciar os profissionais da Era Conceitual:
- o design;
- a capadicade lúdica;
- a capacidade de narrar histórias;
- a simpatia;
- a empatia;
- e o poder de encotrar significado em diversos aspectos da vida e do trabalho.

Essas habilidades são desenvolvidas no lado direito do cérebro e são baseadas em motivações intrínsecas, ou seja, são atividades que as pessoas realizam pelo prazer e pelo desafio que representam. Isso significa que lidar com os sentidos e com a estética são valores cada vez mais procurados. Ele define essa nova era como uma era onde os padrões se tornam mais subjetivos pois a arte de inventar é difícil de mensurar e ainda não foi automatizada.


O exercício proposto na aula de Psicologia, Percepção e Forma (Design de Ambientes - 2º período) foi criar algo no plano, num papel A3, somente usando linhas e pontos, a partir de recortes de revistas de uma cor, criar algo. Ao lidar com formas, reduzindo-as em linhas e pontos, exercitamos o nosso lado direito do cérebro que, ao se deparar com uma fotografia se vê forçado a ver além da imagem, além da mensagem pretendida pelo anúncio da revista; se vê incumbido de transformar aquilo em alguma coisa diferente.

Acredito que o papel do designer, quer de produto, quer de ambientes, é exatamente esse: num mundo exaurido pela oferta material, encontrar, ou melhor, criar algo que seja mais atraente para todos os sentidos. A funcionalidade já não é um pré-requisito, todos os produtos devem ser funcionais, mas o que irá diferenciá-los é o valor estético, é o quanto ele é capaz de trabalhar com os órgãos dos sentidos. Segundo Bruno Munari, em seu livro Das coisas nascem coisas, que é importante projetar levando “em conta todos os sentidos do observador, pois quando ele se encontra perante o objeto ou o experimenta, sente-o com todos os sentidos; e mesmo que à primeira vista o objeto possa agradar, se não agradar também aos outros sentidos será desprezado em favor de um outro que tenha a mesma utilidade mas que, além de adequado na forma, é também agradável ao tato, tem peso correto, é feito de material adequado etc.” (p. 373)


Pegar linhas e pontos e transpor sua essência, dando-lhes formas e sentido requer esforço do nosso lado direito do cérebro, requer também desejo e persistêcia para fazer nascer algo inusitado, assim como o futuro sempre o foi para o ser humano. E para Daniel Pink o futuro será daqueles que olham para o mundo de um ponto de vista mais amplo e consegue estabelecer correlações sintetizando a realidade ao seu redor.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Dançar

Eu louvo a Dança, pois ela liberta as pessoas das coisas,
unindo os dispersos em comunidade.

Eu louvo a Dança que requer muito empenho,
que fortalece a saúde, o espírito iluminado,
e transmite uma alma alada.

Dança é mudança do espaço, do tempo,
do perigo contínuo de dissolver-se e tornar-se somente cérebro,
vontade ou sentimentos.

A Dança requer o homem libertado,
ondulando no equilíbrio das coisa.
Por isso eu louvo a Dança.

A Dança exige o homem todo,
ancorado em seu centro,
para que não se torne,
pelos desejos desregrados,
pocesso de pessoas e coisas,
e arrancando-o da demonia de viver
trancado em si mesmo.

Ó homem, aprende a dançar!
Caso contrário,
os anjos do céu não saberão o que fazer contigo.

Escrito por Santo Agostinho no século IV

Numa escola de dança, deparei-me com esse lindo poema, essa homenagem ao ato de dançar. Para mim é difícil imaginar um santo tão apaixonado pela dança..
Realmente para estar na dança precisamos estarmos libertos das coisas, desprendermo-nos de nossa autocensura e nos soltar...

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Proposta para intervenção no LAGEAR

Nosso grupo para o trabalho de intervenção no LAGEAR é composto por: Ana Paula Oliveira, Hudson Maciel, Isabela Bastos, Maurity Neto, Vitor Horta e eu, Carla Castro.

Após a visita ao local, fizemos uma reunião e através de uma tempestade de idéias chegamos a alguns determinantes comuns. Houve um interesse coletivo de intervir no espaço de convivência, espaço demandado tanto por professores como monitores. A idéia principal desse espaço de convivência é, além de ser um espaço para entrosamento, que também componha um espaço de leitura e pesquisa a obras disponibilizadas apenas para uso dentro do LAGEAR.



Uma das intervenções sugeridas foi a de criar um chaise reciclando materiais que não estão sendo utilizados e acabam por causar uma certa "poluição" no ambiente de trabalho. Aproveitando o design dos imacs que não estão sendo utilizados por estarem com defeito, imaginamos uma estrutura metálica que contenha suas carcaças coloridas e translúcidas, já destituídas de seu hardware interno. Numa sondagem superficial da quantidade de imac não utilizados contabilizamos 9, dos quais 2 são laranja e o resto se dividem entre azuis e verdes. Optamos então por fazer um jogo entre o azul e o verde no assento e deixar os 2 laranjas para compor os abajures.

Essa estrutura teria aproximadamente 239 x 87 cm e possuiria dois abajures, não somente fazendo alusão a seu apelido de imac "abajur", mas também oferecendo um dispositivo que fosse dotado de sensores de temperatura e intensidade de luminosidade. Apelidamos esse objeto de "Imac chaise" ou "Chaisimac".



Essa chaise possui mesinhas de apoio em sua extremidades, embaixo das quais projetamos prateleiras para que o cliente pudesse guardar objetos pessoais.
Acima das carcaças azuis e verdes, há um estrado para sustentar o peso dos usuários. Como acabamento temos almofadas do tipo tufon marroquino preto. Optamos por preto pela possibilidade de ser algo muito utilizado.


Em uma das extremidades colocamos um outro imac de modo que ele servisse de encosto e revestimos parte dele com uma espuma ondulada ou casca de ovo, com um acabamento também preto.


O abajur teria sua face dividida em duas partes: uma destinada à luminária e outra destinada à ventilação. O sistema só será acionado quando uma pessoa sentar-se ou próximo ao encosto ou na extremidade oposta. Nesse instante o sensor de luminosidade verifica a necessidade de luz para leitura e um termostato compara a temperatura ambiente com a programada para acionamento dos ventiladores. Logicamente, o usuário poderá dispensar os serviços de nosso abajur simplesmente apertando um botão.






Arquitetura como Instrumento Ético Frente às Tecnologias de Disjunção Espaço-Tempo

Por uma Arquitetura Virtual

domingo, 18 de outubro de 2009

Museu da Pampulha


Objeto Interativo - Luva Musical








Novamente Hertzberger

Outro dia recebi um e-mail do Professor André Mol, UEMG, sobre um trabalho de intervenção na escada de um metrô. A proposta surgiu a partir de uma teoria que denominaram "The Fun Theory", a teoria da diversão. Acredita-se que algumas coisas tão simples como a diversão são a maneira mais fácil de mudar o comportamento humano para melhor.
Pude perceber através dessa instalação que a interatividade com os usuários de um metrô através do teclado de um piano adaptado nos degraus da escada é um exemplo onde a intervenção arquitetônica pode modificar os hábitos das pessoas que ocupam ou transitam por esse espaço. Vale dar uma olhadinha:

http://www.youtube.com/watch?v=2lXh2n0aPyw&feature=player_embedded#
Ou neste:

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O insustentável peso do ter

Atualmente, o culto aos objetos os tornam verdadeiros deuses de um mundo materialista, onde o criador se torna escravo e o escravo se torna o senhor. A dependência criada nessa relação dialética senhor-escravo ultrapassa a funcionalidade para a qual foi criada inicialmente e o objeto passa a figurar não somente como objeto material, mas como objeto de gozo (o gozo psicanalítico), ou seja, se torna símbolo, símbolo que transporta poder e "status". Nesse sentido, como o desejo humano é um saco sem fundo e não há gozo que o satisfaça, o objeto em pouco tempo é descartado e substituído por outro com nova tecnologia e design. Assim a troca objetal passa a ser a essência da atividade humana. Nós acordamos todos os dias cercados de objetos que na maioria das vezes queremos trocar pelo último modelo da vitrine do shopping.
Na medida em que acreditamos (ou inconscientemente sentimos) que o objeto representa aquilo que falta em nós, criamos desenfreadamente na esperança de sermos mais, enganando-nos com o sentimento da posse de algo materializado, no ter. A humanidade como um todo trabalha para isso, vive para isso e esquece do seu lado humano.
Podemos então concluir que o ato criador do ser humano contribuiu durante o último século para construir uma 'penitenciária' feita por objetos que obstruem nosso caminho e nos aprisiona em um oceano de lixo objetal que acabam por sufocar a verdadeira natureza, aquela que nos nutre e sustenta.

domingo, 27 de setembro de 2009

Instituto Inhotim

Dentro de uma reserva natural de mata tropical, o Instituto Inhotim é incrivelmente acolhedor e instigante.

Com algumas sugestões de Burle Marx, a enorme variedade de plantas do jardim o torna um das maiores coleções botânicas do mundo com espécies tropicais raras .









The Mahogany Pavillion (Mobile Architecture nº 1) - Veleiro "loch long" invertido nº 73 construido em 1963 pela Boags Boat Yard na Escócia usando mogno sul-americano








Simon Starling nasceu em 1967 em Epsom, Inglaterra. Vive atualmente entre Glasgow, Escócia e Berlim. Utiliza-se em suas obras o conceito de arte conceitual que defende a superioridade das idéias transmitidas pela obra, a idéia ou conceito é o mais importante. Segundo Sol LeWitt: "Quando um artista usa uma forma conceitual de arte, significa que todo o planejamento e decisões são tomadas antecipadamente, sendo a execução um assunto secundário. A idéia torna-se na máquina que origina a arte."



Em "The Mahogany Pavillion", "O Pavilhão de Mogno", há uma ironia, pois uma matéria que sai do Brasil para se tornar um barco, volte a habitar sua terra natal se integrando de maneira totalmente inusita ao ambiente. O veleiro fabricado na Inglaterra foi feito de mogno oriundo do Brasil.